quarta-feira, 10 de julho de 2013

Confusão

Nunca confunda querer ser adorada com querer ser amada. 


Afinal Vênus nasceu uma vez só. 











terça-feira, 9 de julho de 2013

Meu natal

Eu não tenho autoestima suficiente para achar bom o dia do meu aniversário.

Não estou feliz por estar envelhecendo, não estou feliz por ter mais responsabilidades, não estou feliz por mais um ano de vida num mundo podre, não estou feliz por ter feito planos e não tê-los alcançado, não estou feliz por escrever algo pessimista assim como no ano passado e mais do que tudo, não estou feliz por sentir a mesma tristeza do ano passado e de todos os outros.

O tempo passando é quase a exigência de que haja evolução, crescimento.
Não fico feliz por ser obrigada a evoluir porque o tempo passa sem nem consultar o que a gente quer.
Não estou feliz por não ter evoluído.
Não estou feliz.
Não quero envelhecer, não quero nem nascer, eu nem queria saber o pouco que sei.










segunda-feira, 20 de maio de 2013

Jugo Desigual



De repente no banheiro
A sombra de sol,
Desaparece.
Fecha o tempo.
Escurece.
...  as mágoas turvas
Estão presentes
E há melancolia
Que não se sente...
... Não se sente.

Morre na mesa
Dama e rei
O olhar subverte
A vista xadrez.

Tão debilitada é minha poesia
Insegura
Sem vida,

Suscetível a consertos,

Remendos...


Não mais me engano

Mas permaneço...









sábado, 18 de maio de 2013

SMS ou S.O.S.?

Talvez seja a vida essa eterna dúvida, essa eterna dívida.
Uma eterna insatisfação a ser mantida. 


Eu quero tantas grandes coisas: política justa, humanos conscientes, educação bacana, protestos inteligentes... Quero criar um sistema de governo perfeito!
                          
                                ...
Mas quero também tão pequenas coisas... Comida em casa, cidade pequena, alegria alheia, tranquilidade sem suspiros; filhos.

Mas meu problema é que não importa quão grandes ou quão pequenas sejam essas coisas. Todas elas parecem estar na mesma distância, na mesma distância impossível de se alcançar.


Isso me faz pensar que talvez a satisfação que tanto se busca na vida, esteja justamente no que é o contrário dela.

O deixar



“Guto, meu querido, nós não temos espaço para um cachorrinho... você pode brincar com o Bola, o cãozinho do vizinho! Que tal?”
“Mas mãe... Eu quero tanto um cachorrinho!”

E era essa conversa todo dia; quando acordava, quando voltava da escolinha, na hora do jantar, e até nas orações antes de dormir.
E q
uando via um cãozinho na rua então?!
Guto não se cansava de pedir, ele realmente queria um cachorrinho! 

Mas Dona Paula não mentia quando dizia não ter espaço... A casa de três cômodos na periferia de São Paulo era dividida entre ela, o marido e quatro filhos; deles, Guto era o mais novo com sete anos.
  
Mas no fim do ano quando todo mundo ganhou presente, Guto finalmente ganhou seu cachorrinho! A alegria foi tanta que Guto abraçava seu cãozinho e pulava com ele de um lado para o outro!
E dizia: “Eu te amo Rex!”

Guto botou Rex pra dormir no mesmo colchão que ele na primeira semana e quando Rex choramingava de madrugada, Guto acordava e dava leite pra ele pingando de seu dedo pra pequenina boca do cachorrinho.
Guto não via a hora de voltar logo da escola e passar a tarde toda brincando com seu cachorrinho!
Guto amava tanto seu cachorrinho!
 
 ...

        ...

                ...


Mas depois de alguns meses o menino já não estava mais tão ansioso pra voltar pra casa e brincar com Rex, afinal ele babava e mordia muito sua mão.

Depois de mais alguns meses, Rex mordeu seu tênis de jogar bola e levou uns tapas de Guto.

Depois de um ano Rex já não era mais uma bolinha fofa e Guto já não se lembrava mais de quanto desejou e pediu por seu cãozinho.













quarta-feira, 24 de abril de 2013

PAI



Se você morresse,
Eu não choraria.
Sob meus olhos,
Matéria fria
Feita num leito perturbado,
Sem laço,
Com traço de troça,
De derrota;
De consolo fácil.

O que foi senão uma lenda?
Uma lembrança não lembrada...
Mas há o espelho que remenda
A visão que não foi dada. 

(Liga pra mim,
Faz alguma coisa,
Vem atrás.
Não me deixa aqui,
Chorando sozinha.)

Nessa altura da vida
O trauma aparece,
Perturba a paz
E o futuro estremece.

Me enganei com os livros
Com os inícios fáceis.
Queria eu aprender a cantar
E deixar o mal que me fazem.

A derrota goza vitória. 
Vitoriosa sobre a matéria
Que foi modificada.

Minha dor não é sua.
Minha dor não é sua.
Minha dor é só minha e de mais ninguém.
Eu arrancaria minha pele,
Arrancaria meus olhos,
Arrancaria minhas veias,
Arrancaria aquela maldita noite dos anos.
Mas nada disso é seu,
É tudo eu.
E não espero uma melhor volta
Que um tiro certeiro,
Pra mão que nunca solta. 





Maldito seja tudo que há de você em mim.







quinta-feira, 18 de abril de 2013

Indefinível



Porque é que eu insisto?

Eu apanho e permito

Essa amargura de viver.



Não sou desse lugar

Minha mãe é errada

Sou filha encontrada

Por certo vou desaparecer.



Quisera eu ser aquariana

Teria desculpas pra ser insana

Sonhar demais e só crer.



Tão repleta é a vida

De nada escondida

E sobrevive em você.

Enquanto o tolo percorre o caminho

Minha flor é de espinho

Meu andar é morrer.



E me sinto culpada

Na calçada rachada

Por precisar de tamanha dor

Pra conseguir escrever.